Me. Salimar Estilac Sandim Demetrio

 A psicóloga Salimar Estilac Sandim Demetrio, Mestre em Distúrbios da Comunicação Humana e Coordenadora do programa Casa Caracol do Centro de Pesquisas Audiológicas – HRAC – USP – Bauru, nos apresenta a importância do atendimento psicológico às crianças implantadas e seus familiares. Confira o texto a seguir!

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“Os implantes cocleares são realizados com uma frequência cada vez maior, em consequência da introdução de triagem auditiva neonatal universal. Isto significa que a maioria dos pais tem agora que tomar decisões sobre o implante coclear muito cedo na vida dos seus filhos com deficiência auditiva.

Sendo a família a unidade básica de desenvolvimento emocional, os pais normalmente sentem-se dominados pela dor quando falam que eles têm uma criança deficiente auditiva e, quando são sobrecarregados com informações que eles não podem absolver, isto apenas aumenta os seus sentimentos de inadequação. Os pais passam por estágios de sentimentos como: choque, negação, resistência, afirmação, e aceitação, e estes são permeados por sentimentos como: superproteção, piedade, medo do desconhecido, dor, desapontamento, culpa, vergonha, frustrações e uma sensação geral de incapacidade e impotência.

Se, de um lado, o tratamento dentro da família é fundamental para o desenvolvimento da criança com implante coclear, há casos que impera a superproteção por parte dos pais, o que pode atrasar o desenvolvimento dela, pois a educação recebida pela criança reflete no seu futuro. Crianças superprotegidas apresentam comportamentos de possessividade e egocentrismo, baixa tolerância à frustração, revolta ou apatia.

A interferência do psicólogo nessa relação mãe-filho deve ser cuidadosa, pois nem sempre ela se dará de forma tranquila em função da etapa de sentimentos que a mãe está vivenciando, principalmente a negação que vem acompanhada da culpa e inadequação. Há casos em que os pais permitem que a criança comande a situação ditando as regras de funcionamento da família. Desta forma, a criança crescerá com uma visão totalmente distorcida do mundo. Só conhecerá um mundo em que se tem tudo o que quer. Os pais que agem assim contribuem para que a maturidade emocional da criança fique aquém de sua idade cronológica, não permitindo que suas potencialidades aflorem naturalmente.

O implante coclear requer uma grande preparação psicológica dos pais, pois alguns nunca chegarão ao estágio da aceitação total, eles aceitam a nível racional, mas não aceitam a nível emocional. E em cada etapa da vida de seu filho, onde surgirem dificuldades, os sentimentos anteriormente citados aflorarão até que a etapa seja vencida. Assim, o benefício do IC depende também dos objetivos e das possibilidades físicas, emocionais e sociais de cada criança, seus pais e familiares.

A tomada de decisão muitas vezes é estressante para os pais, contudo, eles acreditam que o IC poderia ser "a única opção" para a criança desenvolver a audição e fala e se comunicar com as outras pessoas. Essas decisões são tomadas sem quaisquer garantias sobre o nível de benefício que seus filhos poderão ter com o implante coclear. A variabilidade entre os resultados de crianças implantadas significa que é difícil prever os resultados para cada criança individual. Apesar disso, muitos pais têm expectativas elevadas em relação aos resultados de implante coclear para os seus filhos.

Os fatores educacionais comunicativos são destaques para o sucesso do desenvolvimento das crianças com DA com implante coclear. Estão ligados ao modo como a criança é recebida e compreendida em casa, com os pais. É assinalado que a possibilidade de receber uma atenção educacional desde o momento em que foi detectada a DA é uma garantia de desenvolvimento satisfatório. Deve incluir a estimulação sensorial, as atividades comunicativas e expressivas, o desenvolvimento simbólico, a participação dos pais e a utilização dos resíduos auditivos da criança com o uso efetivo do implante coclear. Esses diferentes recursos de comunicação contribuem para sua socialização.

No plano psicológico, começa-se agora a compreender melhor as consequências graças aos estudos longitudinais. Estas consequências são plenamente favoráveis no plano sócio-afetivo porque elas permitem uma relação eficaz com o ambiente sonoro. Resultam em melhores interações psicológicas familiares. Entretanto, para a maior parte dos pais que frequentam o CPA, o IC é descrito como uma solução não apenas para a surdez de seu filho, mas como uma possibilidade de ele ter um futuro melhor na escola, no trabalho e nos relacionamentos; torná-lo independente e também uma esperança de melhoria na qualidade de vida da criança. Na prática clínica pode-se observar uma grande variabilidade de resultados, uma vez que nem todas as crianças apresentam resultados satisfatórios.

A orientação e o aconselhamento familiar são essenciais, uma vez que os pais têm que estar preparados para optarem pela tecnologia cirúrgica através do implante coclear. Além desse momento, também durante todo o processo da habilitação auditiva será importante um conhecimento do que está ocorrendo com os pais, para que os profissionais da equipe possam trabalhar, no sentido de adequação das expectativas, de seus sentimentos e disponibilidade de tempo e de trabalho junto à criança. Para tanto, é necessária uma compreensão do que acontece com os pais e os familiares, desde o momento do diagnóstico, e durante todo o processo da habilitação auditiva.

A intervenção do psicólogo é fundamental no trabalho com o paciente, com a família e, consequentemente, com a equipe. É na família que a criança estabelece e desenvolve sua comunicação, uma vez que a troca entre pais e filhos ocorre em todos os momentos da vida deles.

Me. Salimar Estilac Sandim Demetrio”

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