Dra. Midori Otake Yamada

Membro do corpo docente do Curso de Especialização em Habilitação/Reabilitação da criança com deficiência auditiva, promovido pela FOB/USP, a doutora Midori descreve abaixo seu ponto de vista sobre o Implante Coclear.

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"Os pais de crianças com IC vivenciam demandas específicas antes, durante e após a cirurgia de IC. A partir do momento em que os pais se deparam com a perspectiva do filho realizar a cirurgia de IC, novos sonhos e expectativas passam a permear o contexto da família. Muitos pais buscam no IC a "cura" da surdez de seu filho, a única possibilidade de ouvir, falar e ter uma qualidade de vida melhor.

Muitos pais relatam suas preocupações em relação à tomada de decisão quanto à cirurgia, por ter que decidir pelo filho, se eles estão fazendo a escolha certa, o medo da cirurgia, revelando ansiedade e angústia nessa etapa.

Após a cirurgia é comum os pais se sentirem aliviados, no entanto estão ansiosos com os resultados, ou seja, que a criança ouça e fale.

Embora o IC seja eficaz, por si só não conduz a criança ao êxito pleno na habilitação. Vários são os fatores envolvidos: a idade em que a criança realizou a cirurgia, o talento individual, se apresenta outras dificuldades (neurológicas ou psicológicas)  associadas à deficiência auditiva que possam interferir no aproveitamento máximo do IC, fatores ambientais e outros.

É necessário lembrar que cada criança é única e tem seu próprio ritmo de desenvolvimento. Se pensarmos em uma sala de aula, onde as crianças possuem a mesma faixa etária, podemos observar que algumas são mais altas, outras mais baixas, algumas mais calmas, outras agitadas, algumas têm mais facilidade para aprender matemática, enquanto outras têm mais facilidade para ciências ou história. De modo semelhante, podemos ter crianças com deficiência auditiva usuárias de IC, que se comportam de maneiras diferentes, devido às características individuais.

É comum os pais ficarem ansiosos com o desenvolvimento da fala de seu filho e ficarem centrados nesse aspecto. Deixam de olhar as outras habilidades que a criança tem e às vezes ficam focados na audição e fala. Por ex. qdo a mãe supervaloriza o trabalho de estimulação e se preocupa em cumprir sua tarefa. Estimula o tempo todo a criança, produzindo um clima de tensão e dessa forma, a criança pode se sentir cobrada, perder a espontaneidade da comunicação e até rejeitar o diálogo, prejudicando  a interação mãe-filho e consequentemente o desenvolvimento da linguagem.

Considerando que o desenvolvimento da linguagem é produto de relações entre duas pessoas, a linguagem é construída através do diálogo entre a criança e o outro falante. Quando as pessoas conversam, todos os seus comportamentos, fala, gestos, expressões faciais e movimentos estão ali para serem interpretados pelo outro. Desse modo, é preciso levar em conta o estado emocional dos principais cuidadores e o clima familiar predominante.

É necessário lembrar que existe variabilidade entre crianças com IC, entre mães, pais e o contexto que cada família vive.

Criar condições para que o diálogo possa fluir é o essencial.

Algumas dicas aos pais:

  1. Aprenda a brincar:

 O brincar exige espontaneidade, liberdade e bom humor. Escolha um momento que você esteja bem para que possa se soltar na brincadeira com seu filho.

  1. Perceba a distância:

O ideal é ter os olhos no nível dos olhos de seu filho, ou seja, estar na mesma altura dele no diálogo.

  1. Nível de linguagem:

Tente selecionar os assuntos do cotidiano e de acordo com a faixa etária.

  1. Respeite o tempo de seu filho:

 Dê tempo para que ele possa responder. Interrompê-lo pode dificultar a comunicação.

  1. Respeite o interesse de seu filho:

Procure descobrir as brincadeiras e assuntos que ele gosta, assim como responda as iniciativas de comunicação dele.

  1. Não force a repetição:

É normal a criança ter problema de pronuncia; quando isso ocorrer, apenas repita fornecendo o modelo correto, sem obrigá-la a repetir.

  1. Reconheça as atitudes de seu filho:

 A criança precisa ser reconhecida naquilo que ele sabe fazer. Você pode dizer por meio das palavras, sorrisos, contato visual, corporal, que as encorajam e lhes dão confiança. 

Dra. Midori Otake Yamada".

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