Hoje, a Coluna ADAP apresenta o depoimento de Sheila Vieira, paulistana e usuária de Implante Coclear bilateral, que cursou Enfermagem e defendeu seu doutorado com o tema “O enfrentamento da surdez em adultos implantados”. Não perca a história a seguir!
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“Perdi a audição em 1999, aos 13 anos, devido a uma meningite meningocócica. Na época, estava iniciado o 1º ano do Ensino Médio, e o tempo que tive que estudar sem ouvir foi muito difícil. Antes de ficar surda, eu tocava piano, fazia inglês, cantava no coral, ouvia muita música. E tive que interromper todas essas atividades nesse período. Não conseguia ver TV, falar ao telefone, conversar, cantar, tocar...
Graças a Deus, cinco meses após a surdez, eu recebi meu primeiro Implante Coclear, no Centrinho de Bauru/SP. Apesar disso não ser comum, no mesmo dia em que ativaram meu IC eu falei até ao telefone. Estou muito satisfeita com os resultados que o implante me proporcionou. Depois dele, pude retomar minha vida e fazer tudo novamente. Não tenho dúvida de que seria muito mais difícil e levaria muito mais tempo para chegar até aqui. Voltar a ouvir me deu mais independência, autonomia e liberdade. Pude morar sozinha, fazer faculdade longe de casa, dirigir, conversar no telefone, ouvir música, voltar a tocar piano e trabalhar. A sensação foi de ter a vida completa de novo. Era como se não houvesse mais uma barreira que me impedisse chegar onde eu desejasse.
A experiência com o implante foi tão positiva, que decidi fazer o IC do outro lado. Tive essa oportunidade 10 anos depois, pelo convênio, no Hospital das Clínicas de São Paulo. Ter o implante bilateral me ajudou em várias coisas. A sensação de ouvir música é mais intensa e emocionante... É como se o som corresse no sangue! A conversação em grupo melhorou também. E, principalmente, um sentimento de tranquilidade ao poder continuar ouvindo quando estou realizando algum procedimento no trabalho e uma das baterias acaba... Ou caso um dos aparelhos quebre, eu tenho um backup e não fico sem ouvir.
Com o IC, eu consegui concluir a graduação e o mestrado em Enfermagem, e construir uma carreira profissional. Hoje eu sou enfermeira do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, e recentemente defendi minha tese de doutorado no Programa de Distúrbios da Comunicação Humana da UNIFESP, sobre o enfrentamento da surdez em adultos implantados.
Sou muito grata a Deus, à minha família, aos meus amigos, aos profissionais que me ajudaram a chegar até aqui, e a todas as pessoas que decidiram direcionar seus conhecimentos, tempo, recursos e habilidades para desenvolver os sistemas de IC. Pode até parecer engraçado, mas se eu tivesse que resumir minha satisfação com o implante, eu diria que, se eu tivesse três ouvidos, eu teria três implantes também... E sim, faria tudo novamente!
Por Sheila Vieira”.
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