O processo cirúrgico do Implante Coclear
A decisão de se submeter a cirurgia do implante coclear é fruto de muita reflexão. Só de ouvir a palavra “cirurgia”, um certo medo e receio já passa pela pela cabeça. Por falar em cabeça, quando descobrimos que é preciso fazer um corte na cabeça para receber o IC, a tensão aumenta ainda mais. Porém, diferentemente do que parece, este processo cirúrgico é relativamente simples, não demora, não exige muito do paciente e nem envolve grandes riscos a ele.
Muito antes da cirurgia
Segundo o neurocirurgião do Instituto Penido Burnier, Dr. João Paulo Valente, “o momento antes da cirurgia é de essencial importância”. O especialista em implante coclear conta que o paciente deve ser avaliado minunciosamente pelo cirurgião especialista, por fonoaudiólogos e até por psicólogos. É neste momento que os profissionais dão recomendações, passam o prognóstico, mostram as expectativas pós-cirúrgicas e orientam o paciente a passar por exames específicos.
Já no dia da cirurgia, os procedimentos são os mesmos de qualquer outro processo operatório: o paciente deve evitar execícios físicos intensos no dia anterior, realizar jejum de 8 horas e trazer os exames pedidos pelo médico. João Paulo faz questão de ressaltar que “no caso do implante coclear, é importante que o paciente tenha tomado todas as vacinas, especialmente a anti-pneumocóccica”.
A cirurgia
Ao contrário da espera, que muitas vezes é bastante longa, a cirurgia do implante coclear é rápida: tem duração de aproximadamente 2 horas. Na cirurgia, o médico implanta o componente interno da prótese do IC, que é capaz de estimular de forma direta o nervo auditivo, através do feixe de eletrodos. O número de eletrodos implantados varia de acordo com a marca do implante.
Na maioria das operações, o paciente é submetido a uma anestesia geral, e o “acesso” é feito através de um corte na parte de trás da orelha.
Orelha esquerda ou direita?
Afinal, nos casos de implante unilateral, qual é o critério para operar o lado esquerdo ou direito? O Dr. Andy de Oliveira, ortorrino do Hospital CEMA, acredita que “essa é uma decisão que deve ser tomada em conjunto, entre o médico ortorrinolaringologista e o fonoaudiólogo”. Para isso, estes dois profissionais precisam fazer uma avaliação adequada e descobrir qual é o lado mais adequado para a cirurgia. “Caso não haja diferença entre os dois lados, o critério de escolha pode ser a vontade do paciente ou dos pais”, completa o Dr. João Paulo.
Riscos?
O medo antes da cirurgia parece acompanhar todos os pacientes. No entanto, há pouco a temer: para o Dr. Andy de Oliveira, “os riscos cirúrgicos são mínimos, pois a cirurgia geralmente é realizada por profissionais experientes e que utilizam equipamentos de alta tecnologia”.
Mas para não ter nenhum problema durante a cirurgia, é fundamental seguir todos os processos pré-operatórios: “Quando o paciente é bem avaliado no pré-operatório, e quando as expectativas sobre a reabilitação do paciente são bem explicadas, os resultados são excelentes”, completa o Dr. Andy.
Pós-cirurgia
Novamente as notícias são boas: o pós-operatório costuma se bem tranquilo e não traz grandes preocupações ao recém-implantado. É recomendável que o paciente se mantenha em repouso de 7 a 10 dias, tenha cuidado com a cicatriz e fique atento a possíveis sinais de complicações, como dores excessivas no local, febre, presença de vermelhidão, entre outras. Doze dias após a cirurgia acontece a retirada dos pontos.
Deixando a ansiedade de lado
Mesmo com tudo explicado detalhadamente, a ansiedade dos futuros implantados é enorme. A expectativa e dúvida de como será o resultado é o principal motivo para este nervosismo. De acordo com os médicos especialistas, esse sentimento é absolutamente normal.
Porém, o Dr. João Paulo Valente acredita que a melhor forma de evitar a ansiedade é realizando um bom pré-operatório: “Meu conselho é que o paciente procure tirar todas suas dúvidas em relação ao procedimento e ao próprio implante antes da cirurgia. É notório que, quando paciente a família estão adequadamente informados, a ansiedade gerada pela cirurgia é bem menor”.
Já o Dr. Andy de Oliveira reforça o sucesso do implante coclear para evitar a ansiedade de seus pacientes: “O implante coclear apresentou uma evolução fantástica nos últimos anos e alcançou maior credibilidade entre pacientes, familiares e doutores. A audição é um sentido fundamental em nossas vidas e todo esforço é válido para tentar recuperá-la”, finaliza o médico.
Por Renan Fantinato
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