Em agosto de 2014, publicamos uma edição da Coluna ADAP com a participação de Jaqueline da Costa Castro Barreto, a primeira pessoa a ser operada no Brasil e receber um Implante Coclear multicanal pelo Centrinho de Bauru/SP, em maio de 1990. Hoje, Jaqueline retorna com um relato sobre o seu reimplante. A nova cirurgia foi necessária porque, após 24 anos de uso do primeiro IC, a parte interna do dispositivo começou a falhar. Mas tudo novamente ocorreu bem, conforme Jaqueline nos conta no texto abaixo. Confira!
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“Em meados de 2013, comecei a sentir um desconforto ao ligar o Implante Coclear. Me dava uma espécie de choquinhos. Minha língua tinha a sensação de espetadas de agulhas. Fui a Bauru, fiz mapeamentos e foi necessário o desligamento de vários eletrodos, que fizeram com que minha audição decaísse muito. Lembro de ter feito raio-X também.
Um mês depois, retornei a Bauru e fui submetida a um exame de Otoneuro e outro exame complexo com uma equipe da marca de meu primeiro IC, onde se constatou que realmente a parte interna do implante não ia bem. Depois disso, retornei a Bauru já para o reimplante. A nova cirurgia foi realizada em 27 de junho de 2014. Na verdade, fui meio com medo dessa vez, mas só da anestesia geral, porque é desagradável acordar da anestesia.
Foi tudo bem rápido. Operei na sexta à tarde, e no domingo, na hora do almoço, já tive alta. Minha recuperação foi ótima! No dia seguinte já estava de pé, torcendo pelo Brasil no jogo da Copa. De fato, a pior parte da cirurgia é ficar um mês sem aparelho, pois é necessário esse período para a cicatrização. Minha ativação foi em 04/08/2014.
Minha nova audição está muuuito boa! Fiquei 24 anos com o meu primeiro IC. Minha audição antiga era satisfatória, porém, comparando com a atual, vejo muita diferença. Me surpreendo e surpreendo as pessoas ao meu redor, pois estavam acostumados a eu só ouvir quando fazia leitura labial, e hoje consigo responder algumas perguntas e interagir sem o contato visual, só mesmo com a ajuda da audição via implante.
Fiz acompanhamento fonoaudiológico com a equipe do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (Fundão). Recebi alta duas vezes, rsrs. Na primeira, pedi para ficar mais. Na segunda vez não teve jeito, tive que acatar a alta. Estou muito satisfeita. Se houvesse necessidade, faria o implante novamente, novamente e novamente.
Gostaria de deixar esclarecido que o Implante Coclear não faz milagres, mas dá ao usuário uma qualidade de vida muito melhor. Uns conseguem um resultado ótimo, outros nem tanto, mas independentemente de tudo, não devemos fazer comparações e sim usufruirmos o que o implante pode nos dar de melhor.
Bom, agora gostaria também de fazer agradecimentos: à equipe de implante do CPA, aos cirurgiões, enfermeiros, assistentes em geral, fonos, os funcionários da parte administrativa e a todos os funcionários do Centrinho, que além de profissionais muito competentes, são seres humanos maravilhosos. À toda a equipe do setor de fonoaudiologia do HUCFF – RJ (Fundão), que cuidaram de mim com tanto carinho e profissionalismo durante a minha reabilitação pós implante. Aos meus familiares e amigos, que tanto torceram e torcem por mim, e à nossa querida Ana Raquel da ADAP, que tanto se interessa em levar às nossas experiências a outros implantados e ao público em geral, e sempre com o maior profissionalismo e humanidade possível.
Jaqueline da Costa Castro Barreto”.
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